E agora, Carlos?

Carlos me falou sobre uma pedra no meio do caminho. Algo incômodo e paralisador que o fez narrar repetidas vezes a banal (?) existência do objeto. Ele estava lá e ninguém poderia negá-lo. Ele via a pedra. A pedra o via em retorno. Ninguém se mexia. A pedra pela sua impossibilidade natural. Carlos, não sei ao certo dizer.

Deixe-me contar, querido Carlos, que também avistei essa pedra e que de pronto, também fiquei imóvel e contemplativa. Chutei a infeliz na intenção de tirá-la das minhas vistas, para me curar de seu efeito hipnótico. A danada acertou o meu dedo mindinho. A dor foi lancinante.

Estudo a pedra com curiosidade. Não deveríamos pulá-la, Carlos? Ela está lá, não podemos negá-la e ela, por sua natureza, não vai a lugar nenhum.

Me questiono: porque não iríamos nós?