inefável pirraça

essa vida é uma tremenda insensatez. Tudo é contraditório, é complexo, é difícil, é estranho, tem dois lados e duas medidas. Você veja só, acabei de sair de jet pilot do system, ouvido, gritado, cuspido para um John Mayer que eu sinceramente nem me lembro de ter nesse computador. Culpa do aleatório, do acaso que não tem lógica.

essa vida é um tremendo disparate. As pessoas são superfície. E estamos sempre pensando de que forma seríamos melhores para os outros. É insuportável a ideia de que alguém não goste da gente pelo o que somos. Ninguém repara o espantoso elogio que isso é. Devia me preocupar que as pessoas não gostem de mim pelo o que eu não sou.

Pronto, começou Caetano. E "existirmos a que será que se destina"? Se não para ver nossos desejos despedaçados em ingênuas decepções de quem não sabe pedir. Sempre rezo antes de dormir para Deus para que aconteça o melhor e que por favor o melhor seja o que eu quero. E até hoje não foi. E de alguma forma as coisas sempre se ajeitam. Traquinas essa vida.

vivo numa eterna desorientação. Sou a sede de todas as mágoas. Me tiraram os acentos de ideia, assembleia e heroico e micro-ondas agora se escreve separado. Até dizer o que sinto ficou mais arriscado. Nunca se sabe quando estaremos infringindo uma daquelas leis que tenta nos equalizar. 

Nós, que somos tão diferentes... 



Procura-se um dom.

existe uma escritora em potencial dentro mim extremamente travessa e sarcástica. Agora ela deu para me dar as melhores ideias de textos quando estou no banho. Estou lá, cuidando da minha higiene diária e lá vem a ideia, mais fluída e livre que bolha de sabão. E as frases se formam uma atrás da outra. As coisas fazem um sentido incrível. Eu declamo aquele texto com o prazer de orgasmos múltiplos para, em seguida, esquecê-lo por completo. "como era mesmo aquela frase de efeito?" "E aquele desencadeamento de ideias tão genial?" Foram embora junto com a água suja de um dia inteiro de trabalho e andanças.

Sento em frente ao computador desolada e seca. Nada sai de mim que não o silêncio cruel de quem acha que perdeu o dom [aonde foi que guardei o bendito?]. 

Em tempo: Ao escrever o título desse post, tive a intenção de escrever "procura-se um dom" e escrevi procura-se um "dor". Danada essa escritora que mora dentro de mim.