TIC...

o tempo corre. Eu estou em câmera lenta. Quando vou tocar algo, é tarde demais. A velocidade dos acontecimentos me inunda. Estou afogada em afazeres, expectativas e possibilidades. E o pouquinho de oxigênio que eu recupero, a vista da terra firme, e de repente tudo é mar por todo lado. A correnteza me carrega entre os corais. Beleza e dor.

So maybe tomorrow...

esquece tudo que você acha que sabe sobre mim ou sobre as coisas que você acha que sabe mesmo que eu não tenha dito, ou aquelas que você acha que captou numa ou duas atitudes minhas. Esquece também que eu sou previsível, ansiosa, desesperada, impulsiva e debochada.

Não considere a minha insegurança boba, minha mania de falar demais, minha irritante necessidade de aparecer e meus braços tortos.

Faça o favor de não lembrar que eu já fui mais alegre, mais esperançosa, já escrevi melhor, já tive mais piadas, tive o cabelo mais bonito e as unhas mais vermelhas.

Não pensemos nos planos que fiz e não cumpri, nos que não fiz, nos que tive medo de fazer, nos que me faltaram ousadia ou oportunidade, ou os dois.

Melhor omitir que meus conselhos servem mais pros outros que pra mim mesma. E deixemos pra lá o meu lado rancoroso e infantil.

Amanhã eu tenho um passo para um sonho. Pode não ser o primeiro, pode não ser o único. Tem, inclusive, a grande possibilidade de não ser. E eu levarei o fracasso de lição para a próxima vez que a porta se abrir para mim.

De qualquer forma, esqueçamos o que me limita.
Amanhã eu só posso levar o melhor de mim.