"É que só sei ser impossível, não sei mais nada. Que é que eu faço para conseguir ser possível?"*

Eu não posso te culpar por olhar para mim e não ver as rachaduras. Eu já me quebrei e juntei tantas vezes que ando um tanto desconjuntada. Minhas articulações rangem e você não ouve. Eu sou a bonequinha escangalhada no canto do brechó que ninguém soube cuidar. E quantas pessoas eu já deixei de ser. Mas você não sabe. Quantas eu fui, e sou de novo. E quantas ainda quero ser. 




*Macabéa. Clarice Lispector, A Hora da Estrela