Café Viena

Peço licença aos textos profundos e melancólicos desse espaço para falar de um encontro feliz e fecundo. 

Eis que finalmente completei 12 meses no meu trabalho enfadonho e pude usufruir de belos 10 dias de puro ócio e contemplação. Escolhi - uma escolha impulsionada por uma promoção relâmpago da companhia aérea, é verdade - ir conhecer a capital mineira, "belzonte" como dizem, e como eu digo agora que sou íntima de suas ladeiras. 

Mais que um passeio turístico, me interessava verdadeiramente por conhecer 3 pessoas, que virtualmente eu sabia serem talentosíssimas nesse ofício tão ingrato que é a escrita. 

Conhecia há meses [ano?] seus blogs. Lia com frequência os textos fantásticos de Nerito, as poesias sorumbáticas de Simone e os textos de cotidiano de Rodrigo

Então essa era a famosa primeira impressão que tinha deles. Uma primeira impressão baseada num completo desconhecimento de quem eram, o que faziam, por que escreviam, por que [quem] vivem?

E fui conhecê-los, reconhecê-los, com toda ansiedade que um fã [eu sou fã, recuperemos o significado da palavra fã! Admirador] pode guardar.

Nos encontramos todos no melhor local que pode existir para as pessoas serem elas mesmas: um bar. Um local com vasta carta de cervejas e com um petisco [vale a pena!] que engana turistas. 

Foi então que confirmei o que eu já sabia, inclusive, por ser eu também uma [tentativa de] escritora de blog: nossos textos não nos traduzem. São pequenas partes desse emaranhado complexo que somos. São pedaços de nós, mas não nos definem. 

Samuel é alguém de coração franco e de uma simpatia acolhedora, bem diferente de um certo chinês safado de uma certa cidade perdida. Tem alma e brilha.
Simone, por sua vez, em nada me lembrou suas histórias com odor de tristeza e conformação. É alegre e sorri com vontade. E traz convicções em suas ideias que me lembraram um pouco a mim.
Rodrigo, que eu imaginava ser um ébrio ermitão sisudo, é calmo, coerente e, surpreendemente, simpático.

Passei uma noite maravilhosa entre discussões, cachaças, cervejas e confissões. É triste ter sido tão curto o tempo, mas o sono também já me levava lá pela 1 e pouca da manhã. 

Na certeza que a distância é um impedimento para encontros futuros, e é bem provável que nunca nos vejamos pessoalmente de novo, mas na certeza maior ainda que guardarei para sempre em minha memória [enquanto essa resistir] e no meu coração [nesse sim, eternamente] as lembranças de noite tão contente, agradeço aos amigos por terem recebido tão bem essa caçulinha. [falei que me acho mascote de vocês? Sabe "café-com-leite"?].