Brochar é humano.

Tanto quanto um cara tem que ser muito homem para assumir que já brochou, é preciso ser muito mulher para confessar que já brocharam com você.
Eu não vou nem ensaiar dizer que isso nunca aconteceu comigo. Porque já aconteceu. Algumas vezes eu encarei bem, algumas vezes eu encarei mal. Mas quando acontece o máximo que a gente pode fazer é encarar a realidade. Continua ou para? E isso você vê pela reação da pessoa na hora. A diminuição do ritmo é indicativa. Pode ser que alguns minutos sejam só o que a pessoa precisa. E vocês retornam ao caminho que não deveriam ter deixado. Ou é melhor deixar para lá e assistir um filme. Não tem regra.

Mas eu acho o seguinte: ninguém tem a obrigação de transar com ninguém. Nem homem nem mulher. E essa filosofia de que homem está sempre preparado e sempre com vontade só aumenta a expectativa e consequentemente a frustação. Acho que homens também têm seus problemas, suas inseguranças, preocupações, e veja, ninguém escapa, uma hora ou outra, ele vai falhar.

Eu vou ser sincera em dizer que feliz eu não fico. Rola um ego inflado indo por água abaixo, que apesar da razão gritar "isso é normal..", sempre se questiona: Será que fui eu? A culpa é minha? Foi algo que eu fiz? Ou que não fiz? E procurar culpados só torna o momento mais constrangedor. O cara pode não saber explicar. Pode não querer explicar.

Mas se ele quiser conversar, vale a pena evitar as piadinhas e caprichar na escuta e na compreensão.

E a vida é assim, né, feita de altos e baixos...vamos valorizar quando está alto e contornar os baixos.
E torcer para que a Newton não esteja 100% certo, assim nem tudo que sobe tem que descer, pelo menos não antes de você aproveitar bastante ;)

A grata surpresa da desilusão

Quando me deparo com alguém com o discurso desprendido do amor livre, eu sempre o imagino como um super herói, capaz de feitos que eu não conseguiria nem em 10 vidas. E eu já reconheci aqui a minha limitação: eu prego um amor bem egoísta, daquele só eu e e você e mais ninguém, que-história-é-essa-de-mais-um.

E eu sou sempre muito curiosa sobre essas experiências de relacionamento aberto, mas até hoje não tinha ninguém para me contar como acontecia. Ninguém que eu pudesse fazer as trezentas e uma perguntas que eu gostaria.

Eis que a vida dá voltas e eu encontro alguém assim. Mas, para minha surpresa, o que eu encontro é alguém extremamente inseguro com a própria condição. Olha só que coisa curiosa... eles têm os mesmos problemas que eu tenho. Há ciúme, há cobrança, há o desequilíbrio comum em todo o relacionamento. Tem sempre alguém mais envolvido e tem sempre alguém que orbita, enquanto o outro vive.

E de repente, a pessoa é tão humana quanto eu. E ao invés de eu perder a admiração, eu consigo admirar ainda mais.

É ou não é fantástico encontrar pessoas que tiveram a ousadia de serem [ou de tentar serem] livres?

Como será o amanhã?

"Tá morrendo de vontade de ir para casa, né?"

E eu disse, claro que não, quero curtir muito a viagem. Mas verdade, verdade mesmo, é que eu estava/estou doida para descobrir se aquilo tem direito a mais um dia, ou se não tinha passado de só uma noite de muitas cervejas, oportunidade e nascer do sol na praia (fruto de um desejo intempestivo da Lia de ver o mar).

Merecendo o bis ou não, dentro de um mundo de possibilidades que se descortinavam e revelavam, eu estava feliz por saber que não planejei nada e que, o que o futuro me reservasse, eu não estava ansiosa por chegar. É bom saber que eu ainda me permito o imprevisível.

E ninguém pode negar que não há nada mais imprevisível que ele.

Pode isso, Arnaldo?

eu queria entender o seguinte mistério: quando estávamos juntos, você não era nem de longe o cara que eu queria pro resto da minha vida. Nem perto. Havia certos aspectos da sua personalidade que me irritavam e que eu não queria, definitivamente, na educação de nossos [possíveis] futuros filhos.

Mas eram aspectos que, para o que nós tínhamos, me cabia muito bem. Verdade é essa. Era conveniente. E eu adorava que fosse somente conveniente. E eu achava que vivíamos bem. A gente vivia bem. E você parecia bem, sossegado, satisfeito. E a gente dizia, saudades. Você me disse: te adoro. E eu não me assustei. Eu tava calma. Eu também estava bem.

Se a gente não podia se ver hoje. Tudo bem. Eu podia te esperar amanhã. Você não me causava aquela ansiedade. Se você demorava a responder a minha mensagem. Tudo bem. Eu esperava e não morria por isso. Era perfeito que eu não te amava, que eu não estava apaixonada, que você era uma boa companhia, que você me tratava bem, que você era gentil, carinhoso e presente.

E eu não me sentia presa. Eu não tinha obrigações e quando eu tinha a oportunidade de ficar com alguém, e eu não ficava, aquilo só significava que eu não precisava de mais ninguém, além de mim. Eu estava plena.

Mas foi você partir, e de repente, não mais que de repente, você é tudo que eu sempre quis. Melhor dizendo, o que a gente tinha, é tudo que eu sempre quis. A liberdade, a companhia. Os filmes, as conversas. A intimidade.  Foi quando eu senti que você não era mais meu, que eu comecei a me importar. E não parei desde então.

Eu poderia enumerar um milhão de coisas que eu sinto falta. E tá tão recente...e o nosso beijo combinava tanto. Eu não sei ao certo o que ocorreu e isso me mata. To catando pedacinhos do meu coração, e eu posso jurar que alguns eu não vou encontrar.

Eu não queria ser ninguém para você. Eu não tinha qualquer pretensão de que você fosse alguém para mim...

Então me explica, porque faz tanta falta....

Poeira IV

Verdade seja dita...

Veja bem, eu não sou uma máquina. É sangue que corre nas minhas veias e é oxigênio que preenche meus pulmões. Eu sou dada a fraquezas e às vezes a explosões -- que justificáveis ou não -- falam mais verdades que se precisa ouvir.

Mas há de se convir, me foi apresentado uma fortaleza, que me foi dito só ter existido uma vez e na primeira vez (e todos sabem que primeiras vezes são amaldiçoadas).

Que se entenda que não li entrelinhas, nem muito menos interpretei metáforas de romances clássicos. Me foi falado com todas as letras, por diversas vezes e ocasiões. E não só as três palavras mágicas (que para alguns tem o mesmo valor que uma equação elevada a zero), mas muitas outras tão ou mais significativas.

No entanto, as pessoas se enganam e o pior, NOS enganam. Falam o que queremos ouvir, o que convém. E é claro, a gente acredita porque quer, também nos convém. Quem é que não gostaria de ouvir exatamente o que quer ouvir (a redundância se justifica)?

A revolta é saber que fizemos parte, fomos inclusive parte vital para o processo e sucesso da ação. Fechamos os olhos e ouvimos o canto das sereias.
Quem diria que uma das mãos que nos empurrou seria a nossa?

Poeira III

Eu andei pensando esses dias... Já ouvi muita gente dizer que conforme os relacionamentos vão passando, você fica mais exigente, mais chato, menos permeável a caprichos e manias.

Pois eu penso o exato contrário. Conforme fui vivendo meus relacionamentos, tentei sempre fazer mais do que tinha feito no último. Tentei ser mais tolerante, tentei ser mais compreensiva, tentei assumir mais meus erros, pedir mais desculpas...

e adivinha: também não deu certo...

então alguém me explica, por favor [que porra é essa?] que não importa o que a gente faça, ainda sim, não funciona?

Poeira II

Seguindo a era dos rascunhos...

Não dá para falar de paixão sem ter palavrão. [até rima!]

Sabe qual é o problema?
Você se apaixona.
Porra, isso já é um grande problema.

Então vamos reformular.
Sabe qual é o grande problema?
Você se apaixona.

E de repente as expectativas tomam conta do ambiente como erva daninha.
Sufocam todo o resto.
Você não rega e não cuida mais das flores.
O que de bom poderia nascer, não nasce.
O que tinha nascido não cresce.

E você persiste. Tá apaixonada. [não falei que isso é uma porra de um grande problema?]
E o jardim parece bonito.
Porque gente apaixonada ainda por cima é cega.
Mas o seu tato, sua intuição, não te enganam.
Tem alguma coisa errada ali.

Mas foda-se.
Você tá apaixonada. Deve valer a pena.
Adivinha, beibe... Não vale.
O ego dói.
O coração dói.
Você pensa: Caralho! Será possível?

_______

Veja bem. Tem um dia que vai valer...
Eu sei que vai...

Poeira I

Aposto que você não sabia que eu também escrevo coisas profundas e melancólicas. Um pouco de filosofia barata, sabe como é. vou publicar aqui algumas coisas.. uns rascunhos antigos...

Refletindo ou Só porque eu sei que você nunca vai ler...

É curioso e às vezes um pouco triste observar a empolgação com outros gostos e cheiros.
Não a sua, porque eu a previ e esperei. E sempre soube que viria.
Mais cedo ou mais tarde. E soube na hora em que aconteceu que era ali o momento.
Mas a minha. Porque eu confiava em mim. E eu achava que eu não era capaz.
Eu achava que aquilo iria me guiar para sempre.
Eu pensei: encontrei. E não importa quanto tempo passe, ele não vai passar.
E eu acreditei fielmente nisso. Eu condicionei a minha vida a isso.
Cada sorriso e cada lágrima.
E agora, no meio da confusão da efêmera e imediata novidade, que ainda que rapidamente me retira da inércia que eu mesma me condenei, eu me questiono: então, não foi real?
Porque se eu [re]afirmar o que senti [sinto?], não estarei eu, invalidando toda e qualquer crítica que eu dirigi com tanta convicção a você? De repente, não somos iguais?

Talvez.
Meu ego nunca diria sim. Minha razão nunca diria não.
Fato é que agora eu observo o nascer do dia, o sol esquenta o meu rosto e aquece o meu coração.
Eu respiro fundo...
Eu não perco [nada] por esperar...

Déjà vu

E agora o carro dele parece o campeão de vendas. Devia estar na promoção. Compre uma roda e ganhe esse carro. Compre um e leve dois. Não é possível. Aonde quer que eu vá, tem uma frota de carros iguais ao dele. Da porra da mesma cor. É moda. Deve ser.

E a cada vez que eu me deparo com o carro, meu coração saltita. Pula, vem a boca. Quer sair. Quer ir no carro com ele. Mas eu não tenho escolha. Engulo o coração a seco. "Volta pro teu lugar desesperado! Postura, coração. Eu já conferi a placa, não é ele." Mas ele fica batendo no peito acelerado em revolta.

O mesmo acontece com perfume [né, Mel?]. Eu posso jurar que sinto o cheiro dele se eu prender a minha respiração. As ruas estão estranhamente perfumadas. O elevador, o corredor... acho que até o porteiro tem usado essa fragância, viu...

E eu fico me perguntando se é assim para ele também, ou se isso é só coisa de mulher maluca [vulgo eu]. Será que ele sente a minha falta? Sente meu cheiro? Me vê nas pessoas na rua? Ou será que ele já se consolou e me esqueceu nos braços e pernas abertas de outra?

Eu disse ponto final, mas eu quis dizer ponto parágrafo. A gente encerra essa conversa e começa outra. Outro assunto, outra idéia. Outro capítulo. Vira a página.

Agora me diz, como eu sou capaz de querer perdoar quem não me pediu perdão? Quem, eu nem bem disse vai, e já tinha ido? Sabe aquele adeus de porta aberta? Mais sonoro que um "fica"... e ele não ficou. Então que se extinguam os carros, que acabem todos os vidros de perfume.

Vou andar para frente desesperada, sem olhar para trás e foda-se.
Quem sabe o que a adrenalina da corrida me reserva...

A véspera do dia seguinte

A experiência do esquecimento, da superação, do deixar para lá é curiosa. Engrandecedora. Mas curiosa e absurdamente, reveladora.

Isso não é filosofia barata. Não puramente.

Eu já tive que esquecer algumas pessoas. E umas foram muito mais difíceis que as outras. E cada que vez que uma difícil passava, me dava esperança para superar as fáceis. E eu sabia exatamente a diferença entre uma e outra. E eu sempre dizia, se eu conseguir esquecer fulano, ciclano vai ser moleza...

E agora eu to numa fase "ciclano". Embora eu sinta falta dele, porque sejamos justos, o cara foi fofo, atencioso, ele decidiu, no meio do caminho do que parecia maravilhoso, arrumar outra.

Por que? Porra, não sei. E eu to remoendo isso há dias. Sei lá o que de errado parecia para ele, ou o que era ausente - que não era, claramente, ausente ou errado, para mim - que o fez ir colher flores em outros jardins.

Motivos à parte - vamos combinar não mudam o fim dessa história - fato é que eu não estava apaixonada. Não, não estava. E se vocês me vissem apaixonada, saberiam do que eu estou falando. Eu estava envolvida. Isso sim. Envolvida o suficiente para agora estarmos machucados. Meu ego e eu.

E vivo agora aquela ansiedade. Aquela chata ansiedade que me acompanha desde sempre, na espera pelo dia em que essa dor passa. Na espera pelo dia seguinte. E apesar de saber que será breve, o processo ainda é doloroso o suficiente para eu não desejar tê-lo.

E vem aquela fase em que namorados felizes na rua me irritam [sim, eu sou o puro recalque], que as histórias bem sucedidas de amor das minhas amigas me deprimem [pq não euuu?], em que eu evito filmes de romance [mesmo as comédias] e os finais de novela da Globo [onde todo mundo termina com alguém! Já repararam? Mesmo quando a pessoa perde o amor da vida, eles sempre colocam um Thiago Lacerda, Rodrigo Lombardi, em participação especial, para consolo. Cadê o meu?].

Então, até O amanhã, né... onde o céu é azul e a grama mais verde.

Nos vemos lá.