Se tens um coração de ferro...

uma ou outra cicatriz, vez ou outra, se mostra nem tão sarada assim. 
Um pequeno descuido e ferida aberta. 
A superfície da pele parecia sã. 
Só uma marca registrava o sucedido, já tão sutil quanto o guardado na memória.

Mas as camadas mais profundas da derme ainda teimavam em não curar e se mantinham abertas pelo incentivo de pequenas torturas inconscientes. 

A mente cria a armadilha e o corpo dança a dança no ritmo do ardil. 
Enquanto baila e acompanha o par que o conduz, o corpo se regozija, sem desconfiar que o que experimenta é a última refeição de um condenado. 

E os condenados sabem que o prazer daquele momento não consola nem impede o porvir. 

Logo a dor chega, pontiaguda no peito, certeira na cicatriz e sangra...