Das coisas que eu não sei.

Na adolescência, quando alcancei o ensino médio, não tinha nada mais temeroso para mim que as aulas de física. Eu acompanhava muito bem o professor enquanto ele fazia conosco uns exercícios no quadro. Quando era a minha vez de fazer sozinha, meu Q.I. caía para 20 e eu não passava de anotar umas trinta fórmulas na parte dedicada a resolver o problema. Deus sabe como eu passei no vestibular. Minha nota está lá: 1. Como eu tirei 1, eu não sei. Não consegui resolver uma questão inteira. Uns rabiscos, umas fórmulas, um professor corrigindo de bom humor, e voilá! Não zerei nenhuma, pude entrar na universidade pública.

Eu tive professor particular. Sim, minha mãe não me achava um caso tão perdido assim. Durante 6 longos meses, recebia uma vez por semana um paciente e solícito professor de física na minha casa que só foi capaz de atestar o que eu já temia: eu tinha muitos talentos. Física não era definitivamente um deles.

Conformada pela minha natural ignorância em assuntos que envolviam tão odiosa matéria, me esforcei para ser melhor em outras. Tudo relacionado a história me interessava, matemática eu sempre gostei. E por assim, fui. Sobrevivi.

No auge dos meus 20 e muitos anos [dos quais não pretendo sair. Sim, eu mentirei idade.], começo a desconfiar que não sou apta [veja, SOU no lugar de ESTOU, estou atestando permanência aqui, senhores e senhores] para nada relacionado ao amor entre homem e mulher [e no meu caso é homem e mulher, mas vocês entenderam a qual tipo de amor, não é?]. Não foram só os fracassos que me deram a pista. Não foi só a reflexão sobre o que fiz de errado repetidamente. Nem muito menos alguém que me disse, nem terapia, nem tarô, nem nada. Foi a aversão. Estou avessa ao amor, aos relacionamentos e aos envolvimentos. Não quero encontrar ninguém, e por isso quase não saio. Se saio e encontro alguém, não procuro manter contato. E se porventura o mantive, não tenho feito qualquer esforço para que se concretizem.

Triste? Indiferente, eu diria. Uma indiferença fria, verdade. Mas assim como a física, tenho focado em outras milhares de coisas e as coisas têm dado certo [no seu jeito atabalhoado de ser, é verdade, com um contratempo aqui e outro ali, não posso negar, mas ainda sim, dão certo].

E quem precisa de amor?
.
.
.
.
.
.
.
ah, é mesmo.... Eu.

4 comentários:

Cris Medeiros disse...

Já tive muitas dessas fases de recolhimento e fases de indiferença também, mas logo depois vem outra fase em que queremos estar com alguém, isso é cíclico...

Beijocas

Fernanda Cristina Vinhas Reis disse...

HAHAHAHAHAHA

Eu também não acertei nenhuma questão inteira de física na segunda fase da FUVEST! Não tenho a menor inclinação para exatas, detesto.

Eu vi que você comentou lá no drunkwookie, o site dele é bem bacana, tem um monte de teorias e umas discussões legais.

Beijos!

Samuel Medina (Nerito Samedi) disse...

Muito bom o seu texto! Eu passei por isso também, sabe? Achei que não tinha jeito pra mim, que eu não era apto e tudo mais, só que agora eu penso o contrário... encontrei um monte de gente inapta, isso sim! ^_^

Lia Nandhe disse...

Eis que...