Empezar


tudo que é início me assusta. Desconfio de tudo. Quero revirar os verbos e os predicados, encontrar sujeitos ocultos. É uma diligência. Quero ter certeza de tudo, controle de tudo. Eu tenho medo de sofrer. Mas apesar disso, eu acho que sofro bem. Espero tanto por esse sofrimento que quando ele chega é quase um alívio. Sou uma pessimista incorrigível, esperando sempre pelo próximo acontecimento que dará vazão ao que penso do mundo: nada nunca dará certo e se deu, nunca será por tempo suficiente para que eu vença essa ideia e aceite a felicidade.

Estou fadada. 

2 comentários:

Samuel Medina (Nerito Samedi) disse...

Puxa, isso é curioso. Caminhei lado a lado com esse sentimento durante uns trinta anos da minha vida. Resolvi nos últimos dias enfrentá-lo. Afinal, pra que antecipar o sofrimento? Pra que esperá-lo acontecer?
Continuo lutando contra isso. É engraçado que até as palavras eu tento pesar e medir antes de escrever, pra não começar a me lamuriar de novo, a falar como um sofredor incorrigível.
Bem, a boa notícia é que somos mesmo incorrigíveis. Essa é uma boa notícia, sim, pois não dá pra prever a ventura e o sofrimento. Eles vêm todos numa mesma caixa de bombons sortidos.

Anônimo disse...

A bela flor que tem espinhos e que te chamou atenção no primeiro instante é a mesma que com seus espinhos te feriu. Mas essa mesma flor que te feriu pode lhe prover belos frutos. Quem acredita sempre alcança.