Aurora

eu preciso ir embora, o sol já raiou.

A lua estava linda e enquanto o céu estava limpo, eu vi as mais lindas constelações. Mas a alvorada não tardou. O sol ofuscou nossas ilusões. E cá está o leste me lembrando que é hora de ir.

Desfaçamos os laços. Solta a minha mão. Eu digo que preciso ir. Você me diz que talvez eu devesse ficar. A sua dúvida me passa mais certezas do que você jamais poderá imaginar.

E você insiste que as coisas não mudam, mas podem melhorar. E nos falta o ingrediente que sela tudo. O filtro que nos permitiria acreditar que embora seja dia, nossa noite poderia ser eterna.

Não nos apaixonamos. Ou você não se apaixonou e eu luto ferozmente contra a ideia de que eu talvez esteja.

De que talvez eu esteja tão louca pela ideia de tê-lo para sempre, que eu poderia viver na sua sombra e ignorar o sol.

Mas eu preciso ir.

E quase não percebo que só meus dedos permanecem entrelaçados aos seus...

3 comentários:

Samuel Medina (Nerito Samedi) disse...

Por que os relacionamentos nos seus textos são sempre tão desiguais? Talvez porque os relacionamentos sejam sempre desiguais de qualquer maneira...

AquilesMarchel disse...

o não amor


é o clássico dos relacionamentos modernos
apenas a vontade de gostar
e só

Fefa Rodrigues disse...

seus textos me fazem pensar em bossa nova!!!

ótimos